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25 de Abril de 2024
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    Namíbia se recusa a descartar suas reservas de marfim e chifres de rinoceronte

    Por Augusta Scheer (da Redação)

    Foto: Mike Kendrick

    Na contramão de muitos outros países do continente africano, o ministro do meio ambiente da Namíbia, Pohamba Shifeta, anunciou recentemente que o país não irá se desfazer de seus estoques de marfim e chifres de rinoceronte. As informações são do site National Geographic.

    Vários outros países africanos tomaram essa medida, no intuito de combater a caça de elefantes e rinocerontes, além de conscientizar o público acerca da crueldade envolvida no comércio desses produtos.

    O ministro Shifeta disse à imprensa namibiana que “queimar marfim e chifres de rinoceronte é contra nossa política,” citando o artigo 95 da constituição da Namíbia, o qual “estipula claramente que os namibianos devem se beneficiar de seus recursos naturais, desde que o façam de maneira sustentável,” ainda segundo o ministro.

    Os estoques da Namíbia consistem em marfim e chifres de rinocerontes oriundos de diversas fontes; parte do material foi confiscado de caçadores, ou extraído de animais que tiveram morte natural ou que foram assassinados pelo próprio governo do país. Além disso, a Namíbia possui uma política de retirar os chifres de rinocerontes para desencorajar a caça desses animais. Estima-se que o material acumulado pelo governo namibiano valha bilhões de dólares.

    O pronunciamento do ministro da Namíbia suscitou críticas de defensores de animais, que vêm trabalhando junto aos consumidores para reduzir a demanda por esses produtos, principalmente na China e em outros países asiáticos.

    Ao longo dos últimos três anos, alguns dos principais países consumidores desses produtos, como China, Tailândia e Filipinas, destruíram publicamente seus estoques de marfim confiscado, num esforço de conscientização contra o comércio desses artigos cruelmente produzidos.

    Na África, vários países onde a caça de elefantes é prática corriqueira já queimaram seus estoques de marfim. Quênia, Moçambique, Gabão, Chade, Etiópia e a República do Congo são alguns dos exemplos. Países consumidores, como Estados Unidos, França, Bélgica, República Tcheca e os Emirados Árabes, também tomaram medidas similares, eliminando suas reservas confiscadas de marfim e chifres de rinoceronte.

    Na Namíbia, o ministro Pohamba Shifeta questionou a utilidade de se destruir essas reservas. “Estamos tentando entender a lógica por trás de queimar [os produtos], como demonstração, protesto ou medida de combate. Não vejo razão para fazermos isso, como namibianos,” afirmou o ministro, que fez ainda uma excêntrica comparação com os diamantes confiscados pelo governo do país.

    Para defensores de animais de todo o mundo, a questão é bastante clara: países como a Namíbia (onde a caça de elefantes é um problema) têm o dever de destruir seus estoques desses produtos para impedir que eles reingressem ao mercado negro, numa mensagem clara contra o assassinato e exploração de elefantes e rinocerontes para esse fim.

    Segundo o ministro, outro fator favorável à venda dos artigos em questão seria o custo elevado de manutenção e segurança desses estoques. Em maio desse ano, ladrões atacaram um armazém da polícia moçambicana, onde estava guardada a maior carga de chifres e marfim já confiscada pelo país, cujo valor estimado supera um milhão de dólares.

    O ministro parece se esquecer de que, se a Namíbia se desfizer de suas reservas, os custos de manutenção e segurança desses produtos também serão eliminados.

    Nos Estados Unidos, foi organizada no mês passado uma grande queima de marfim em plena Times Square, para conscientizar os consumidores acerca da crueldade envolvida nessa indústria.

    Especula-se que a Namíbia (junto a outros países do sul do continente, como Zimbábue e África do Sul) apoiará uma proposta de legalização do comércio de chifres de rinoceronte na próxima conferência CITES, que acontecerá em 2016 na cidade de Johannesburgo. Se aprovada, a legalização desse tráfico trará um lastimável retrocesso para os direitos animais no continente africano.

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